Sobre as eleições de ontem, duas palavras rápidas (hehe).
Estou muito contente com o resultado do meu candidato a vereador, o Rodrigo Araújo. Com uma campanha avaliada em quatro mil reais (ele nos lembrou que tem muito vereador que gasta isso num almoço), o garoto chegou próximo dos 1.200 votos. Sem padrinho político, sem financiadores e sem qualquer passado político. Houve até pilantra que chamou isso ontem de derrota, sem perceber que só aumentava o valor da vitória. Política do zero, casa a casa, das pequenas atitudes que demonstram o tamanho do caráter. Do plantio de mudas em troca dos votos recebidos, da limpeza das ruas, da clareza nas contas, das reuniões no bairro e das novas ideias para a cidade. Rodrigo, meus parabéns pelo resultado. Você nasceu para a política do jeito mais bonito, simples e exemplar. Que mais garotos tenham criado a coragem ir pescar 1.200 pessoas nas ruas, apenas oferecendo honestidade e trabalho sério.
Meu candidato a prefeito, Serafim Corrêa, ficou em quarto lugar. Tirou leite de pedra com um minuto e meio de tempo de tevê, mas deu a lógica. Segue como o político que mais se aproxima do que espero de um político. Venceu todos os debates, apresentou programa de governo, propostas factíveis e perdeu. Não podia competir com Artur, que chega à eleição como a vítima de um estupro eleitoral em 2010 – como ele próprio tem definido seu motivo para ser candidato. Manaus embarcou no clamor por justiça e decidiu se vingar da estupradora dando a Prefeitura à vítima. Tudo bem.
Abaixo de Artur, Vanessa, com seus portentosos 13 minutos de tevê, seus muitos milhões de reais e os depoimentos de Omar, Dilma, Braga e Lula. Vanessa quase perdeu a vaga no segundo turno, mas deu a lógica também. Henrique fez a mais criativa campanha de tevê, tinha pouca rejeição e apostou no apelo emocional do amor aos pobres. Como o nome dos seus marqueteiros não estava na urna, boa parte do eleitorado de Vanessa decidiu votar nele. Na reta final, Serafim perdeu para o populismo e para a simpatia da campanha do deputado.
Marcelo Serafim, desde sempre acusado de ter sido eleito deputado com a máquina do pai, virou vereador sem a máquina de ninguém. Ouço os ‘analistas políticos’ falando na tevê e nas rádios, e ninguém comenta sua eleição – e isso já é uma vitória com luva de pelica. Os ‘analistas’, aliás, estão explicando o inexplicável. Os mais patifes dizem até que ocorreu um ‘fenômeno’ nos últimos três dias, e nenhum instituto de pesquisa conseguiu identifica-lo: a queda vertiginosa de Vanessa. Não sei o que me dá mais prazer, a certeza do acerto das minhas escolhas ou o festival de lavagem de roupa suja entre os institutos de pesquisa, todos tendo que explicar por que erraram tanto nos números da candidata apoiada por eles.
Satisfação pessoal, além da vitória pessoal do Rodrigo, somente com a derrota de medalhões que pareciam que nunca iam sair dali, mas que finalmente pagaram pela nulidade e pelo cinismo de sua vida parlamentar. Meus parabéns ao vereador Reizo Castelo Branco, acossado pelas redes sociais, mas dono do eleitorado mais honesto da eleição – os pobres e analfabetos. Agora é torcer para que o TSE não confirme sua inelegibilidade, decretada pelo TRE. Homero e Carijó foram dois bons vereadores, dentro das limitações de serem aliados de Amazonino, prefeito tão ‘politicamente hanseniano’ que nem citado era nos comícios de ambos. Mirtes Sales e Cida Gurgel voltam a se dedicar somente aos pobres e aos mortos. Um tal Professor Bibiano, apoiado pelo deputado estadual José Ricardo, ambos do PT, se for honesto como o padrinho, é boa aquisição da Câmara. Soube que uma professora universitária do PPS também passou, e espero que a profissão e o partido lhe guiem os passos.
Para os meus escolhidos, a eleição acabou ontem. Como ‘derrotado’, recolho minha bandeira, pego minhas coisas e vou cuidar da minha vida. Acredito que é assim que deve ser. Se meu candidato escolher apoiar Artur, estará chancelando a eleição de um prefeito novo, mas com ‘tudo o que está aí’ abaixo dele. Artur é a continuidade de Amazonino, infelizmente. Se Serafim apoiar Vanessa, estará apoiando um capricho de Braga e Lula, que carregam cada seus escândalos cabeludos de corrupção nas costas. Serafim precisa respeitar suas próprias convicções e o tutano do seu eleitorado padrão: o cidadão que não transige sobre princípios, mesmo que precise ficar de fora do cenário político. A candidatura a vice de Alfredo em 2010 já foi desastrosa demais para uma carreira tão belamente calcada na correção e na defesa de princípios éticos. Minha humilde opinião.
No mais, apenas a convicção solitária de que fiz a coisa certa. O eleitor brasileiro precisa acabar com a cultura da bolsa de apostas, como se fosse alguma vantagem chegar na taberna no dia seguinte e dizer “Viram, votei em quem venceu!”. O eleitor brasileiro precisa perder mais eleições, votar nos que não serão eleitos. A não ser que me provem que votar em quem vai vencer traz a pessoa amada em três dias ou cura bicho de pé. Algo me diz que é direta a relação entre a aposta nos eleitos de sempre e as decepções nos anos seguintes. O eleitor precisa escolher se quer votar em quem vai vencer ou se quer escolher sozinho. Eu sempre escolhi sozinho, e acho que mais pessoas deveriam experimentar. Até porque, veja só a ironia da coisa, eu perco as eleições e vivo a minha vida normalmente depois disso. Quem chora e reclama dos políticos é invariavelmente quem votou nos eleitos.
Vanessa só agora decidiu mirar no que Serafim denunciou sozinho no primeiro turno: Artur é o candidato do atual prefeito, dono do recorde de desaprovação popular e responsável por um verdadeiro saque aos cofres da Prefeitura que ocorre há meses sem nenhum pio do MPE. Só espero que os eleitores ‘vingadores’ das classes A e B, que achavam que estavam fazendo justiça, não se choquem com a notícia de que, para fazer justiça a Artur, estão condenando a cidade a mais quatro anos de bandalheira com o dinheiro público. E não adianta dizerem o óbvio, que Artur é autônomo e não vai ser marionete de Amazonino. Até porque ninguém disse isso. O problema é que ninguém dá nada de graça. O vice de Artur tem mais afinidade com Amazonino do que com o próprio Artur. E disso todos sabem. A macheza de Artur tem limite, e o pragmatismo do senador o ajuda na hora de ignorar escândalos de corrupção, se o escândalo for de aliados políticos. De fato, Artur chega à Prefeitura contaminado por Amazonino, e não dá qualquer sinal de que vai limpar a casa quando chegar. Se fosse essa a sua intenção, ele já a teria deixado clara. Agora é tarde: ou você vota em Amazonino, ou você vota em Eduardo Braga, o que dá efetivamente no mesmo. Faça um teste: compre um quebra-cabeças de 500 peças na loja mais próxima. Leve para casa e monte-o. Depois desmonte tudo e comece pelo outro canto da figura. Depois desmonte mais uma vez, faça em ordem inversa e me diga se a figura final mudou. Enquanto você cair no conto do quebra-cabeças novo, com peças novas, rostos novos, produtoras novas e formas novas de montá-lo, eles vão enganar você até morrerem, parceiro. No final, a figura será sempre a mesma.
Mas agora Inês é morta. O importante é que você saiba que, não importa o que você decida, no ano da Copa do Mundo de 2014, depois de vinte anos da queda do Muro de Berlim, depois de 10 anos do 11 de Setembro, depois que chegamos a Marte, inventamos o acelerador de partículas e depois de 10 anos desde que o metalúrgico chegou ao poder, dois anos depois do que os Maias previram como o Apocalipse, você ainda vai estar escolhendo, acredite se quiser, entre Amazonino ou seus filhos políticos.
Não adianta você olhar para o quebra-cabeças montado, perceber que eu não estou lá e rir da minha cara por isso. Eu vou calmamente virar o quebra-cabeças pra você, pedir que você olhe novamente, e mais uma vez me divertir com a sua cara de tacho ao ver a mesma figura de sempre.
Que bom que sou sádico. Vou me divertir ainda mais com o sofrimento de vocês. Não porque gosto de ver abestado sofrendo. É porque gosto de justiça.
Estou muito contente com o resultado do meu candidato a vereador, o Rodrigo Araújo. Com uma campanha avaliada em quatro mil reais (ele nos lembrou que tem muito vereador que gasta isso num almoço), o garoto chegou próximo dos 1.200 votos. Sem padrinho político, sem financiadores e sem qualquer passado político. Houve até pilantra que chamou isso ontem de derrota, sem perceber que só aumentava o valor da vitória. Política do zero, casa a casa, das pequenas atitudes que demonstram o tamanho do caráter. Do plantio de mudas em troca dos votos recebidos, da limpeza das ruas, da clareza nas contas, das reuniões no bairro e das novas ideias para a cidade. Rodrigo, meus parabéns pelo resultado. Você nasceu para a política do jeito mais bonito, simples e exemplar. Que mais garotos tenham criado a coragem ir pescar 1.200 pessoas nas ruas, apenas oferecendo honestidade e trabalho sério.
Meu candidato a prefeito, Serafim Corrêa, ficou em quarto lugar. Tirou leite de pedra com um minuto e meio de tempo de tevê, mas deu a lógica. Segue como o político que mais se aproxima do que espero de um político. Venceu todos os debates, apresentou programa de governo, propostas factíveis e perdeu. Não podia competir com Artur, que chega à eleição como a vítima de um estupro eleitoral em 2010 – como ele próprio tem definido seu motivo para ser candidato. Manaus embarcou no clamor por justiça e decidiu se vingar da estupradora dando a Prefeitura à vítima. Tudo bem.
Abaixo de Artur, Vanessa, com seus portentosos 13 minutos de tevê, seus muitos milhões de reais e os depoimentos de Omar, Dilma, Braga e Lula. Vanessa quase perdeu a vaga no segundo turno, mas deu a lógica também. Henrique fez a mais criativa campanha de tevê, tinha pouca rejeição e apostou no apelo emocional do amor aos pobres. Como o nome dos seus marqueteiros não estava na urna, boa parte do eleitorado de Vanessa decidiu votar nele. Na reta final, Serafim perdeu para o populismo e para a simpatia da campanha do deputado.
Marcelo Serafim, desde sempre acusado de ter sido eleito deputado com a máquina do pai, virou vereador sem a máquina de ninguém. Ouço os ‘analistas políticos’ falando na tevê e nas rádios, e ninguém comenta sua eleição – e isso já é uma vitória com luva de pelica. Os ‘analistas’, aliás, estão explicando o inexplicável. Os mais patifes dizem até que ocorreu um ‘fenômeno’ nos últimos três dias, e nenhum instituto de pesquisa conseguiu identifica-lo: a queda vertiginosa de Vanessa. Não sei o que me dá mais prazer, a certeza do acerto das minhas escolhas ou o festival de lavagem de roupa suja entre os institutos de pesquisa, todos tendo que explicar por que erraram tanto nos números da candidata apoiada por eles.
Satisfação pessoal, além da vitória pessoal do Rodrigo, somente com a derrota de medalhões que pareciam que nunca iam sair dali, mas que finalmente pagaram pela nulidade e pelo cinismo de sua vida parlamentar. Meus parabéns ao vereador Reizo Castelo Branco, acossado pelas redes sociais, mas dono do eleitorado mais honesto da eleição – os pobres e analfabetos. Agora é torcer para que o TSE não confirme sua inelegibilidade, decretada pelo TRE. Homero e Carijó foram dois bons vereadores, dentro das limitações de serem aliados de Amazonino, prefeito tão ‘politicamente hanseniano’ que nem citado era nos comícios de ambos. Mirtes Sales e Cida Gurgel voltam a se dedicar somente aos pobres e aos mortos. Um tal Professor Bibiano, apoiado pelo deputado estadual José Ricardo, ambos do PT, se for honesto como o padrinho, é boa aquisição da Câmara. Soube que uma professora universitária do PPS também passou, e espero que a profissão e o partido lhe guiem os passos.
Para os meus escolhidos, a eleição acabou ontem. Como ‘derrotado’, recolho minha bandeira, pego minhas coisas e vou cuidar da minha vida. Acredito que é assim que deve ser. Se meu candidato escolher apoiar Artur, estará chancelando a eleição de um prefeito novo, mas com ‘tudo o que está aí’ abaixo dele. Artur é a continuidade de Amazonino, infelizmente. Se Serafim apoiar Vanessa, estará apoiando um capricho de Braga e Lula, que carregam cada seus escândalos cabeludos de corrupção nas costas. Serafim precisa respeitar suas próprias convicções e o tutano do seu eleitorado padrão: o cidadão que não transige sobre princípios, mesmo que precise ficar de fora do cenário político. A candidatura a vice de Alfredo em 2010 já foi desastrosa demais para uma carreira tão belamente calcada na correção e na defesa de princípios éticos. Minha humilde opinião.
No mais, apenas a convicção solitária de que fiz a coisa certa. O eleitor brasileiro precisa acabar com a cultura da bolsa de apostas, como se fosse alguma vantagem chegar na taberna no dia seguinte e dizer “Viram, votei em quem venceu!”. O eleitor brasileiro precisa perder mais eleições, votar nos que não serão eleitos. A não ser que me provem que votar em quem vai vencer traz a pessoa amada em três dias ou cura bicho de pé. Algo me diz que é direta a relação entre a aposta nos eleitos de sempre e as decepções nos anos seguintes. O eleitor precisa escolher se quer votar em quem vai vencer ou se quer escolher sozinho. Eu sempre escolhi sozinho, e acho que mais pessoas deveriam experimentar. Até porque, veja só a ironia da coisa, eu perco as eleições e vivo a minha vida normalmente depois disso. Quem chora e reclama dos políticos é invariavelmente quem votou nos eleitos.
Vanessa só agora decidiu mirar no que Serafim denunciou sozinho no primeiro turno: Artur é o candidato do atual prefeito, dono do recorde de desaprovação popular e responsável por um verdadeiro saque aos cofres da Prefeitura que ocorre há meses sem nenhum pio do MPE. Só espero que os eleitores ‘vingadores’ das classes A e B, que achavam que estavam fazendo justiça, não se choquem com a notícia de que, para fazer justiça a Artur, estão condenando a cidade a mais quatro anos de bandalheira com o dinheiro público. E não adianta dizerem o óbvio, que Artur é autônomo e não vai ser marionete de Amazonino. Até porque ninguém disse isso. O problema é que ninguém dá nada de graça. O vice de Artur tem mais afinidade com Amazonino do que com o próprio Artur. E disso todos sabem. A macheza de Artur tem limite, e o pragmatismo do senador o ajuda na hora de ignorar escândalos de corrupção, se o escândalo for de aliados políticos. De fato, Artur chega à Prefeitura contaminado por Amazonino, e não dá qualquer sinal de que vai limpar a casa quando chegar. Se fosse essa a sua intenção, ele já a teria deixado clara. Agora é tarde: ou você vota em Amazonino, ou você vota em Eduardo Braga, o que dá efetivamente no mesmo. Faça um teste: compre um quebra-cabeças de 500 peças na loja mais próxima. Leve para casa e monte-o. Depois desmonte tudo e comece pelo outro canto da figura. Depois desmonte mais uma vez, faça em ordem inversa e me diga se a figura final mudou. Enquanto você cair no conto do quebra-cabeças novo, com peças novas, rostos novos, produtoras novas e formas novas de montá-lo, eles vão enganar você até morrerem, parceiro. No final, a figura será sempre a mesma.
Mas agora Inês é morta. O importante é que você saiba que, não importa o que você decida, no ano da Copa do Mundo de 2014, depois de vinte anos da queda do Muro de Berlim, depois de 10 anos do 11 de Setembro, depois que chegamos a Marte, inventamos o acelerador de partículas e depois de 10 anos desde que o metalúrgico chegou ao poder, dois anos depois do que os Maias previram como o Apocalipse, você ainda vai estar escolhendo, acredite se quiser, entre Amazonino ou seus filhos políticos.
Não adianta você olhar para o quebra-cabeças montado, perceber que eu não estou lá e rir da minha cara por isso. Eu vou calmamente virar o quebra-cabeças pra você, pedir que você olhe novamente, e mais uma vez me divertir com a sua cara de tacho ao ver a mesma figura de sempre.
Que bom que sou sádico. Vou me divertir ainda mais com o sofrimento de vocês. Não porque gosto de ver abestado sofrendo. É porque gosto de justiça.
Por Ismael Benigno (nem tão benigno assim...)
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